sexta-feira, 29 de março de 2013

Manual de Sobrevivência para quem tem amigos distantes

Deviam ter-me deixado o manual antes de saírem... Percebo isso agora.
Sim, porque vocês foram-se embora! Deixaram-me aos poucos, sem que estivesse preparada e sem que vos pudesse impedir. Não pediram consentimento e eu também não vos disse que não...

Na verdade, fui ingénua ao pensar que a distância nada muda, não podia estar mais enganada. Sinto a vossa falta todos os dias, sinto o quanto me fazem falta a toda a hora. Quando estão por perto marcamos encontros fugazes que mal dão para saciar a minha sede das vossas palavras, nessas raras ocasiões, parece que o mundo vai acabar no instante seguinte e não temos sequer tempo para nos deleitarmos com cada riso ou confidência.

Deixo-vos um pequeno manual de sobrevivência para nos ajudar nesta conquista diária:

1) ligar a toda a hora... só "porque sim", só porque nos lembrámos, só porque não esquecemos!

2) falar como se nada tivesse mudado, como se tivéssemos falado ontem...

3) mostrar aos amigos próximos que não sentimos falta daqueles que estão longe... Eventualmente se dissermos isto 9.658.748.659.001 vezes, nós próprios vamos começar a acreditar. (Acreditar na mentira não significa que a situação se torne mais fácil...)

4) convencermo-nos que é temporário e que vamos a estar juntos diariamente outra vez...

5) viver para o próximo encontro

6) manter as vossas fotos espalhadas pela casa, como se estivessem sempre de olho em mim, ora a felicitar-me ora a repreender-me... (A consciência é uma coisa fantástica, não é?)

De certeza que existem mil e um truques não mencionados aqui e talvez me possam ajudar...

Sinto a vossa falta e nem consigo expressar quanto gostava que estivessem aqui sempre, para convosco partilhar o meu mundano dia-a-dia!

"Todas as riquezas do mundo não valem um bom amigo." Voltaire




terça-feira, 26 de março de 2013

segunda-feira, 25 de março de 2013

Vou deixar aqui os meus sapatos...

Há alturas em que parece que o nosso mundo vai ruir, parece que o espelho para onde olhamos se vai estilhaçar em mil pedaços. A única certeza é uma dor de cabeça incessante, que até já tomo por companheira.

Apetece-me deixar aqui os meus sapatos e voltar quando se tiverem esquecido de mim. Às vezes gostava de ser uma ovelha no meio do rebanho e seguir os outros, sem decisões ou preocupações. Gostava de saber "deixar-me ir" com a maré, mas acho que a esta altura também já não consigo aprender a desempenhar essa tarefa...


sábado, 23 de março de 2013

"A Pele que Há em Mim (Quando o dia entardeceu)"


Márcia com JP Simões
 "A Pele que Há em Mim (Quando o dia entardeceu)"


"Quando o dia entardeceu
E o teu corpo tocou
Num recanto do meu
Uma dança acordou
E o sol apareceu
De gigante ficou
Num instante apagou
O sereno do céu

E a calma a aguardar lugar em mim
O desejo a contar segundo o fim.
Foi num ar que te deu
E o teu canto mudou
E o teu corpo do meu
Uma trança arrancou
O sangue arrefeceu
E o meu pé aterrou
Minha voz sussurrou
O meu sonho morreu

Dá-me o mar, o meu rio, minha calçada.
Dá-me o quarto vazio da minha casa
Vou deixar-te no fio da tua fala.
Sobre a pele que há em mim
Tu não sabes nada.

Quando o amor se acabou
E o meu corpo esqueceu o caminho onde andou
Nos recantos do teu
E o luar se apagou
E a noite emudeceu
O frio fundo do céu
Foi descendo e ficou

Mas a mágoa não mora mais em mim
Já passou, desgastei, p’ra lá do fim
É preciso partir
É o preço do amor
P’ra voltar a viver
Já nem sinto o sabor
A suor e pavor
Do teu colo a ferver
Do teu sangue de flor
Já não quero saber…

Dá-me o mar, o meu rio, a minha estrada,
O meu barco vazio na madrugada
Vou deixar-te no frio da tua fala
Na vertigem da voz quando enfim se cala."

quinta-feira, 21 de março de 2013

Sócrates, o comentador


Ninguém merece sair de casa bem cedo e ouvir na rádio que José Sócrates vai voltar... Desta vez não é o ex-Primeiro-Ministro, é o comentador na RTP.

Confesso que não percebo porquê. Consigo vislumbrar muitas razões, mas nenhuma suficientemente forte para fazer com que o fantasma de Sócrates, o ex-Primeiro-Ministro, reencarne na forma de comentador.
Pelo dinheiro? Parece que nem vai haver lugar a remuneração... Pelo desafio? Pode ser a "resposta standard", que tanto é válida para esta situação como para uma Miss que quer ganhar a simpatia popular. Pela vaidade? Deus nos guarde do enorme ego deste senhor... Pela necessidade de protagonismo? Não me lembro de outro antigo chefe de governo que se tenha posto assim "a jeito"... Pela afirmação dentro do PS? No comments...

Afinal, não é o Adamastor do nosso passado, mas o comentador do futuro próximo.

Quando pensávamos que não iria regressar e quando criámos dele o distanciamento suficiente, não para o esquecermos, mas para o arrumarmos na gaveta dos ausentes, ei-lo de volta! E mesmo "a jeito", "à mão de semear" do Zé Povinho!

Fará os comentários a partir de Paris ou vamos ter manifestações em massa lá para os lados da RTP? Já imagino as romarias de fim-de-semana... Os pais a saírem de casa com os filhos pela mão e a merenda debaixo do braço, enquanto se ouve "grândolar" pela rádio. Tudo isto pode até tornar-se no novo desporto nacional! Tiro ao ex-Primeiro-Ministro, lançamento do peso contra a carro do ex-Primeiro-Ministro, 110 metros barreiras a fintar os seguranças e o próprio ex-Primeiro-Ministro... (No entanto, qualquer uma destas corre o terrível risco de falhar, uma vez que são reconhecidas as capacidades atléticas de Sócrates....)

É como se, de repente, procurasse passar de figura mitológica para figura popularucha, o que nos faz acreditar que qualquer dia também podemos encontrar o D. Duarte a trabalhar numa repartição de finanças.
Vai estar mesmo ali, a entrar-nos pela casa dentro depois do telejornal!!

Compreendo que a RTP procure as audiências, mas continuo sem perceber porque José Sócrates, o homem, se sujeita a esta situação.

quarta-feira, 20 de março de 2013

A desligar o cérebro...

Haverá pior do que uma noite sem nada para fazer?

Quase sinto o meu cérebro a desligar-se um pouco mais por cada vez que primo o botão para mudar de canal. E, na verdade, nada parece mudar. Tudo me soa igual, todas as pessoas usam a mesma cara hoje...
Acabo por dizer "Escolhe tu!", para poder reclamar depois por não ser nada disto que me apetece ver...

Sou insuportável quando estou entediada, mas não digam a ninguém...!

terça-feira, 19 de março de 2013

Dia do Pai

O que te posso dizer no Dia do Pai?

Filho, pai, genro, tio, amigo, um grande homem!

Ensinaste-nos a importância da organização, da rectidão e do respeito. A esta "coluna vertebral" juntaste a confiança e segurança. Hoje achamos que conseguimos superar tudo e que somos melhores que o melhor! Invencíveis!

Sempre nos deste amor e responsabilidade em partes iguais. Os teus abraços são fortes e sinceros, mas sabemos como dói olhar para ti depois de te desiludirmos. Transformas os nossos erros em vincados silêncios. Calas-te como quem nos aponta o dedo a exigir que entendamos o porquê.

Crescemos a olhar para ti com o respeito com que se olha para um super-herói, que pouco ou nada é afectado por questões mundanas. Crescemos a olhar para ti e a admirar o respeito que todos te têm. Crescemos a invejar cada gargalhada que dás, como quem olha para a doença com desdém. Nada te afecta, nada te derruba... Imagino-te de capa e espada, levantas a cabeça e, de olhos postos no céu, dizes "Manda vir que eu aguento"...! Afinal, és tu que és invencível!

Tens um coração enorme, mas temos de merecer todos os dias deixares-nos lá chegar.

Pai, posso nunca te ter dito, mas no fundo sabes que te amo!


domingo, 17 de março de 2013

Harlem Shake ou epilepsia colectiva

Já me habituei à ideia de não compreender o sucesso do fenómeno Harlem Shake...

De forma muito resumida, o mais recente fenómeno da net começa com alguém a dançar sem receber atenção até que, num ápice, tudo muda. Uma multidão segue-o de forma frenética e sem qualquer sentido estético ou rítmico, no que eu descrevo como um ataque epiléptico colectivo.

Na verdade, hoje fiz a primeira tentativa para acabar com o meu ignorante "estado de alma", no que toca ao Harlem Shake, com uma rápida pesquisa na Wikipedia:

"Originating in the 1980s in Harlem, New York, the dance is based on an East African dance called Eskista. The self-purported inventor of the dance was "Al B", a Harlem resident.

Al B is quoted saying that the dance is "a drunken shake anyway, it's an alcoholic shake, but it's fantastic, everybody appreciates it."


"Tremeliques bêbedos" como o próprio fundador define os movimentos desta dança. Para mim, é epilepsia e numa forma contagiosa... Atenção! Muito cuidado porque não param de surgir réplicas!

sábado, 16 de março de 2013

Os amigos são os irmãos que escolhemos

Há uns dias atrás li algures que a melhor rede social ainda é um grupo de amigos em torno de uma mesa. Não podia concordar mais.
Todos se juntam, os amigos de sempre, os amigos recentes, os amigos do peito, os amigalhaços, os amigos improváveis, só não vale ser amigo da onça! Os risos, as confidências, os segredos, os silêncios, tudo ganha outra dimensão à mesa do café.
Ouvimos, falamos, discutimos, planeamos, sonhamos e expomos as nossas vidas. Abrimos o coração e, de peito aberto, entregamos-nos numa dança de afinidade e confiança.
Sem medos ou pudores, os amigos são aqueles que nos reconfortam a alma, que nos indicam o caminho, que nos conhecem como ninguém, que nos ouvem, que nos acompanham no caminho, que nos dão a reprimenda na altura certa, que nos aconchegam quando parece que o mundo vai desabar...

São os irmãos que escolhemos!

Planos e listas de compras!


Todos os dias são bons dias para fazer planos, traçar metas e objectivos, sem pensar quando ou mesmo se algum dia chegarão a ser cumpridos. Devíamos planear como quem faz listas de compras, ignorando  a dificuldade da conquista ou o tempo investido na travessia.
Fazer aquele telefonema para o qual nunca arranjamos tempo. Feito! Marcar aquele encontro com um velho amigo. Feito! Ir ao melhor restaurante da cidade. Feito! Embarcar naquela viagem. Feito! Plantar uma árvore, escrever um livro, ter um filho... Feito! Feito! Feito! Então, calmamente, apreciar cada item concretizado e repousar sobre os triunfos alcançados.
Ou, por outro lado, parar para contemplar todas as possibilidades em aberto, todos os locais por visitar, todos os sabores por provar, todas as experiências por viver... E apreciar! Apreciar cada momento em que, por fracções de segundo, viajamos no tempo só de pensar: "Como será...?"
Tantas opções, tantas decisões, tantos rumos e só uma vida!

sexta-feira, 15 de março de 2013

Caminho




"Caminante, no hay camino, se hace camino al andar."
Este é o pensamento do dia... Até amanhã!